segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Segunda Opinião*

Agendei consulta com o Dr. Fábio Gervini, em uma clínica especializada em ortopedia e traumatologia. Estava disposto a ouvir uma segunda opinião. Vale registrar que minha mãe e minha irmã Kota quase brigaram comigo para me convencer a ouvir esta segunda opinião. Eu já estava convencido, mas família é mesmo assim. A gente se ama.

Na primeira consulta, o Dr. Fábio examinou meu joelho e solicitou, primeiramente, uma radiografia. Ainda me lembro dele falando: "é, tem uma massa aqui", referindo-se ao inchaço. A radiografia não foi conclusiva e, no próprio laudo, sugeria estudo por ressonância magnética.

Levei os resultados para o Dr. Fábio. Era a segunda consulta. Ele olhou a radiografia e solicitou uma ressonância magnética. Fui ao Hospital Moinhos de Vento e agendei o exame. Fiquei satisfeito em ver que o problema estava sendo investigado. Teria um laudo conclusivo em breve.

Na data marcada, realizei a ressonância magnética. Após 40 minutos de exame, o profissional que operava o equipamento solicitou que eu passasse na recepção para agendar uma tomografia computadorizada. Segundo ele, o médico que elaborava o laudo do exame precisava desta complementação para que o estudo ficasse completo.

Agendei para o dia seguinte. A tomografia não teve custo adicional. Compareci novamente ao hospital e realizei o exame complementar em cerca de 5 minutos. O resultado dos exames ficaria pronto no dia 31/08/2009 pela manhã. No mesmo dia 31, pela tarde, já estava agendada nova consulta ao Dr. Fábio.

Estava ansioso para saber o resultado do exame. A dor já estava incomodando e eu já mancava o tempo todo. Meu pai ficou de apanhar o resultado do exame no hospital pela manhã. Por volta das 13h liguei para ele. Perguntei sobre o exame. Ele me contou que falava em tumor, mas percebi que estava confuso. Até este momento nunca tinha pensado que poderia ser um tumor. Pensava em menisco, ligamentos, até mesmo tendinite. Jamais em tumor.

Ao desligar o telefone, fui pesquisar na internet. Acessei o Google e digitei: tumor no joelho. Eis que surgiram muitos resultados. Li alguns artigos, algo sobre osteossarcoma, metástases, entre outras coisas. Verifiquei que me enquadrava no perfil de uma vítima de osteossarcoma: adulto jovem, até 30 anos. Confesso que neste instante fiquei preocupado. Não sabia o que pensar. Ainda que soubesse da gravidade do que se apresentava, tentei não fazer tempestade antes de saber se estava no mar ou em um copo d'água.

Por volta das 16h desse mesmo dia, estávamos eu e meu pai em frente ao Dr. Fábio, apresentando-lhe o resultado do exame. Ele olhou as lâminas, leu o laudo. Passaram-se alguns minutos e ele esclareceu. Havia realmente um tumor no fêmur. Comentou que este já não era um caso para ele, pois a especialidade dele é cirurgia de ombro. Para o meu problema existem apenas três profissionais em Porto Alegre. Ele me sugeriu que comparecesse no dia seguinte à PUCRS para falar com o Dr. André Serafini do grupo de tumores, que era um dos especialistas em cirurgia deste tipo.

A confirmação da existência do tumor me deixou tenso. Não tem como definir a sensação. Parece que o chão deixa de existir. A pessoa, inevitavelmente, pensa na morte. Não estamos acostumados nem preparados para isto. Ainda mais quando se tem 22 anos. E agora? Qual será o futuro? O próximo passo? Será necessária amputação? Me casarei? Terei filhos? Todas estas dúvidas rodearam meus pensamentos até o fim daquele dia.

Tentei segurar o choro no caminho de volta. Não queria chorar na frente do meu pai. E, dentro do possível, consegui. Cheguei em casa e estavam todos a me esperar. Até a Denise veio de Novo Hamburgo para me ver. Não consegui segurar. Me tranquei no quarto. Chorei por uns cinco minutos. Sou assim. Quando choro, prefiro que seja sozinho. Não gosto que a minha dor gere dor nas pessoas que me amam.

Este momento é indescritível. Senti como se um relógio em contagem regressiva tivesse sido instalado em mim. Mas quanto tempo ele marcava? Percebi que sofria por antecipação. Decidi deixar estes pensamentos de lado e me concentrar no próximo passo, que seria consultar o Dr. André Serafini no dia seguinte. Até lá precisava colocar a cabeça no lugar e me preparar para enfrentar a tempestade.

* Esta é uma postagem retroativa.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Tratamento Fracassado*

Comecei a realizar o tratamento receitado pelo médico. Saindo da consulta comprei o anti-inflamatório e já utilizei pela primeira vez. Deveria tomá-lo por 5 dias. A imobilização e o gelo deveriam ser mantidos pelos 15 dias.

Durante os 5 dias em que utilizei a medicação tive uma boa diminuição da dor. Pensei até que o problema estaria resolvido ao fim deste primeiro tratamento. Entretanto, passado o tempo de administração do remédio, as dores voltaram e com a mesma intensidade anterior. Mantive a imobilização, mas me neguei a fazer o gelo, pois era inverno em Porto Alegre e estava muito frio.

Passaram-se os 15 dias propostos pelo médico e o problema persistia. Voltei então a consultar o mesmo médico para os novos encaminhamentos. A esta altura, meu joelho já havia sofrido um leve acréscimo de volume. Somente pelo toque já dava para sentir que existia uma massa em um lugar onde não deveria existir. Relatei isto ao médico. Ele examinou meu joelho. Tocou levemente a massa protuberante em uma primeira análise. Após apertou-a com força. Vi estrelas. Aquilo doeu por meia hora.

Após o exame, o médico manteve o diagnóstico, afirmou que as tendinites são mais comuns no inverno, porém garantiu que esta tendinite não seria mais resolvida somente com anti-inflamatórios e eu deveria fazer, inicialmente, 10 sessões de fisioterapia. Passou-me uma requisição para que eu solitasse aprovação do plano de saúde, apertou a minha mão e disse que nos veríamos após essas 10 sessões iniciais de fisioterapia.

Saí da clínica disposto a procurar outro ortopedista. Alguém que investigasse a fundo o problema antes de iniciar qualquer tratamento. Não gosto muito de ficar trocando de médico em meio ao tratamento, prefiro confiar no conhecimento dos profissionais, mas a situação me deixou com uma pequena pulga atrás da orelha. Senti que o diagnóstico foi feito como se um vestibulando que não sabe o que responder escolhesse uma dentre três ou quatro alternativas que julga poderem estar certas, mas que, na verdade, não tem certeza de que a escolha esteja realmente correta. Como não sou folha óptica, resolvi procurar outro especialista. Caso o diagnóstico fosse o mesmo, efetuaria o tratamento indicado.

*Esta é uma postagem retroativa.