domingo, 12 de setembro de 2010

34.000/μL

Esta foi a contagem das plaquetas na última sexta-feira. Inferior em 4.000/μL com relação ao exame de quarta-feira passada. Havia bastante expectativa em torno deste resultado, pois era possível que estivesse abaixo de 20.000/μL. Caso estivesse, teria que correr ao hospital para transfundir plaquetas, algo que até o momento não foi necessário e que seria uma novidade para mim. Felizmente não foi necessário. Amanhã pela manhã vou fazer outro exame de sangue, mas acredito e espero que meu corpo já tenha conseguido reverter essa tendência de queda nos índices e já esteja em recuperação. Os leucócitos, especificamente neutrófilos, continuam com contagem insuficiente, por isso fico com a dieta restrita e impedido de sair muito de casa, em virtude dos riscos de estar com a imunidade baixa.

Hoje foi aniversário da Denise. Quero aqui dar feliz aniversário para ela que tem me acompanhado nessa luta tão difícil. Está comigo em todas as batalhas, sempre me apoiando e incentivando, nos bons e maus momentos, muitas vezes impedindo que eu caia. Não tenho como agradecer a cumplicidade, o esforço, o comprometimento, o carinho, a atenção, o amor. Tu mereces tudo que há de melhor neste mundo! Feliz aniversário, quero comemorar mais uns setenta ao teu lado! Eu te amo!


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Recuperação do 13º Ciclo

Realizei o 13º ciclo de quimioterapia na semana passada. Começou na segunda-feira, 30 de agosto de 2010, e acabou na quarta-feira seguinte. Recebi três doses de doxorrubicina, a bendita droga vermelha. Foi a primeira vez que a utilizei desacompanhada da cisplatina - que atingiu o limite cumulativo de aplicação, ou seja, não é recomendável que eu faça uso novamente desta droga- e acompanhada do cardioprotetor.

Antes de começar estava um pouco apreensivo, pois não sabia o que esperar desse ciclo. Suspeitava que sofreria menos por ter uma droga a menos, entretanto o Dr. Julio havia me alertado que o cardioprotetor além de potencializar os efeitos da doxorrubicina é mielotóxico, portanto realmente não era possível afirmar se seria melhor ou pior que os outros. Uma coisa era quase certa: a medula sofreria um pouco mais. Ainda estou em estado de alerta quanto à contagem de plaquetas. Fiz exame de sangue hoje e o resultado foi o menor índice até agora: 38.000/μL (valores de referência: 140.000/μL a 400.000/μL). E o que isto significa? Que estou com baixo poder de coagulação sanguínea. É melhor não se cortar e evitar choques. Além das plaquetas, os leucócitos também estão com contagem baixa, mesmo que eu já tenha recebido 7 doses de filgrastima. Ainda restam 5 e até lá espero estar com índices normais.

Quanto aos efeitos colaterais sensíveis da quimioterapia, posso afirmar que até o momento foram suaves. Um leve inchaço na língua com consequente perda de paladar nos primeiros dias que sucederam a aplicação e uma sensação esquisita ao engolir. Náuseas? Não tive desta vez. Tomei remédios para evitá-las apenas dois dias e depois não senti necessidade. As dores no corpo e o cansaço se fizeram presentes por alguns dias, mas de forma bem mais amena e praticamente já inexistem.

As aplicações nesse ciclo foram muito tranquilas. Fui até a clínica preparado para enfrentar três dias inteiros de aplicação de droga e muito soro, porém, para minha absoluta felicidade, as aplicações demoraram apenas duas horas. A explicação é simples: a cisplatina, além de demandar mais de uma hora para aplicação, era mais nefrotóxica e por conseguinte exigia maior quantidade de soro (em torno de 5 litros por dia). Enquanto isso o cardioprotetor é aplicado em cerca de 45 minutos apenas. O restante do tempo fica para receber em torno de 1 litro de soro, para a doxorrubicina (cerca de 15 minutos de aplicação) e para medicações diversas (cloridrato de ranitidina e remédios para náuseas). O melhor de tudo era sair da clínica ainda pela manhã e retornar para casa para almoçar e descansar.

Já recebi os resultados da última bateria de exames de imagem. Está tudo na mais perfeita ordem. Nenhum sinal visível de neoplasia pelo corpo. Fiz também um ecocardiograma para verificar como estava o coração depois desse bombardeio de drogas. O resultado também foi muito bom e fui considerado apto a prosseguir as aplicações de doxorrubicina. Mais uma vez motivo de comemoração. Cada vitória traz mais confiança para enfrentar o que ainda falta do tratamento. Certo dia recebi a notícia de que faria 18 ciclos de quimioterapia. Não conseguia ver o fim do tratamento, parecia algo tão distante. Agora faltam 5. Dizer "só 5" é um tanto complicado, mas para quem um dia dizia "18", dizer "5" pode se dar ao luxo de anteceder a expressão pela palavra "só", mesmo sabendo que ainda existe muita peleia pela frente.

Não sei se mencionei o cardioprotetor e o ecocardiograma anteriormente, mas vai lá a explicação: a doxorrubicina é uma droga cardiotóxica e a partir de determinada dosagem acumulada no organismo, se torna importantíssimo o uso de um cardioprotetor (cloridrato de dexrazoxano, cujo nome comercial é Cardioxane) para evitar problemas maiores ao coração.

Enfim, já é hora de ir dormir porque amanhã pela manhã preciso ir até a clínica consultar o Dr. Júlio. Ele pedirá mais exames de sangue para acompanharmos a evolução das plaquetas, pois caso a contagem continue a se reduzir pode ser necessário transfundir. Vamos rezar para que no próximo exame os índices estejam melhores.

P.S.: na minha última postagem, em 08 de agosto, o Inter ainda não era bi da América. Felizmente recebi o presente de aniversário antecipado e pude estar presente ao Gigante para ver o Colorado me dar mais esta alegria. Minha imunidade estava boa, mas se não estivesse eu iria igual. Não dá para perder um momento destes. O estado de êxtase absoluto tomou conta de mim nos últimos dias. A taça voltou para a casa.


Tio Jorge e eu.