domingo, 17 de julho de 2011

Ainda estou aqui!

Ainda estou vivo! Desculpem-me o tempo sem notícias, estive com a vida bem movimentada nestes últimos meses. Aconteceu tudo ao mesmo tempo: fim do tratamento, exames de estadiamento pós-quimioterapia, volta ao trabalho, retorno à universidade, enfim, a minha vida habitual de volta.

Essa minha última frase soou muito estranha aos meus ouvidos. O que eu entendo como a "minha vida habitual de volta"? Na verdade, a vida não é a mesma. Como disse há alguns meses quando terminei o extenso tratamento de um ano e meio, eu simplesmente nasci de novo. Hoje faço dois aniversários por ano. A "minha vida habitual de volta" se limita à volta aos estudos e ao retorno ao trabalho. Nada mais é do que a velha rotina.

Mas não consigo enxergar a vida com os mesmos olhos que enxerguei um dia. Não sei se a vida é melhor ou pior. A vida simplesmente é. Feliz e triste como deve ser. Estou na etapa "feliz", cheio de disposição, mas a vida já me mostrou o quanto é imprevisível. O Sol por vezes se esconde, pode passar um tempo sem brilhar, entretanto, quando acho que a vida está difícil, me lembro desses dias sem Sol e sinto que consigo reorganizar meus pensamentos e encontrar novas formas de pensar.

As lembranças desses tempos de escuridão já não causam mais as mesmas sensações. Depois que as dificuldades vão embora, a impressão é de que o desafio não foi tão difícil assim, que o sofrimento não foi tão assustador. É difícil entender, mas tenho medo de perder a noção da dimensão do que passei, de esquecer o quanto lutei, o quanto sofri, o quanto chorei. Creio que esses sentimentos, apesar de parecerem negativos, me afetam de uma forma muito positiva. Essas cicatrizes não me deixam esmorecer, não me permitem lamentações por dificuldades simplórias. São marcas da minha vida, da minha história. Me fazem seguir em frente e não me deixam esquecer que a minha vida tem sentido e isto é o que me faz acordar todos os dias e ser feliz.


O Projeto Clarear

Há um certo tempo que acompanho a história da Clarinha através de seus pais, Adílson e Kétsia. A Ana Clara é uma linda menina de apenas 8 anos de idade que deu um exemplo de força e coragem na luta contra o câncer. Passou pelo mesmo tratamento que passei e venceu um osteossarcoma muito parecido com o meu. Colocou endoprótese, passou semanas e semanas de internações, sofreu todos os devastadores efeitos da quimioterapia. Imagino como deve ser difícil para uma criança perder, ainda que em parte, a capacidade de se locomover. Certamente, foram dias tristes na vida desta família.

Com muita força, fé e determinação, encararam esta batalha árdua e obtiveram êxito. Porém novos desafios se apresentaram. Após encerrar o tratamento, constatou-se que a quimioterapia resultou em insuficiência cardíaca. Não bastasse mais este obstáculo, outros contratempos levaram os médicos a indicar a amputação da perna em que a endoprótese está instalada.

Eu acompanho esta luta desde uma certa altura de meu tratamento, não me lembro exatamente em que época conheci a história da Ana Clara. Estive muito contente com o sucesso do tratamento de mais uma companheira de luta, pois estes exemplos são muito importantes para os pacientes que descobrem a doença. Saber que mais alguém se salvou renova as esperanças, é mais uma vitória contra um adversário poderoso. Mas não posso esconder minha tristeza com as notícias recentes que dão conta de mais essas dificuldades na vida da Clarinha.

Hoje o principal objetivo da postagem é divulgar o PROJETO CLAREAR, que está sendo desenvolvido pela família para conseguir recursos para a aquisição de uma prótese mecânica para a Ana Clara. Para quem interessar, o link é o que segue: http://oprojetoclarear.blogspot.com/
Quem não puder contribuir e quiser colaborar basta curtir o blog no facebook ou divulgar para os amigos nas redes sociais.

Um abraço a todos