Era 1938 quando o químico suíço Albert Hoffmann isolou o 25º composto do ácido lisérgico, a dietilamida do ácido lisérgico ou LSD-25, em um laboratório da companhia farmacêutica Sandoz. O ácido lisérgico havia sido isolado a partir de um fungo chamado ergot por pesquisadores do Instituto Rockefeller no início da década de 1930 e havia grande expectativa em torno dos seus usos medicinais.
Hoffmann começou a se sentir estranho e resolveu ir para sua residência. Já em casa, o pesquisador experimentou sensações que descreveu como “um fluxo ininterrupto de imagens fantásticas, formas extraordinárias, num jogo de cores intenso e caleidoscópico”. Enquanto ainda estava lúcido, o químico percebeu em suas mãos resquícios da substância que havia sintetizado horas antes.
Dias depois fez uso novamente da substância, desta vez de maneira consciente. Os delírios começaram e falava ininterruptamente frases indecifráveis. Pediu então que seu assistente chamasse um médico, pois um estado de pânico já o tomava. Em seguida, notou-se eufórico e visualizou formas e cores incomuns. O médico não percebeu qualquer problema, exceto as pupilas dilatadas. Hoffmann comentou a experiência com colegas, que ao utilizar sofreram efeitos semelhantes.
A Sandoz patenteou a substância e a distribuiu para pesquisas psiquiátricas com o nome de Delysid a partir de 1947. O laboratório recomendava que os próprios psiquiatras utilizassem a droga antes de darem aos seus pacientes para experimentarem por si próprios os efeitos.
Muitos estudos foram realizados até meados da década de 1960, quando o LSD foi proibido. Esperava-se que a droga pudesse gerar mudanças de personalidade ou estilo de vida e, por conseguinte, servir a propósitos como a cura do alcoolismo, o alívio do sofrimento relacionado a estresse pós-traumático e a cura da depressão e de outras doenças psíquicas. Os resultados foram considerados pouco efetivos e variavam muito de paciente para paciente.
A proibição do LSD está intimamente relacionada ao seu uso abusivo pela geração hippie e ao moralismo norte-americano da época. As pesquisas pararam e uma substância com algum potencial medicinal foi deixada de lado por décadas.
No final de 2007, pesquisadores suíços obtiveram autorização das autoridades locais para uma pesquisa com LSD em pacientes com câncer terminal ou outras doenças incuráveis. O objetivo é aliviar o sofrimento e ajudar na busca de um novo sentido espiritual, possibilitando um final de vida com menos sofrimento psíquico.
Albert Hoffmann faleceu no ano seguinte, aos 102 anos de idade. Ao tomar conhecimento de que uma nova pesquisa seria iniciada em torno do LSD declarou: "Meu maior desejo se realiza. Eu não pensava ver ainda vivo o dia em que o LSD encontrará seu lugar na medicina".
É uma lástima que pesquisas deixem de ser feitas em virtude de problemas sociais como foi o caso do LSD e de outras drogas que hoje são consideradas ilícitas. Os alucinógenos possuem um potencial interessante de se tornarem recursos medicinais, porém estou certo de que gerariam um problema social, pois fatalmente cairiam em mãos erradas e seriam utilizados irracionalmente.
Felizmente, nos últimos anos, muitas pesquisas surgiram acerca do uso medicinal de psicodélicos, principalmente no que diz respeito ao tratamento de depressão e stress pós-traumático e, se for possível deixar de lado o moralismo que envolve a questão, talvez tenhamos tratamentos ainda mais efetivos em um futuro próximo para problemas que afetam parcelas significativas da nossa sociedade.
A seguir, primeira parte do documentário produzido pela National Geographic. A próxima exibição será no dia 03/12/2010 às 23h.
2 comentários:
Oi Vitão
Muito interessante a postagem sobre uso medicinal do LSD.
Assisti o vídeo. Creio que nun futuro não muito distante, drogas deste gênero serão usadas de forma legal e com acompanhamento médico com muito mais frequência e intensidade.
Pretendo assistir o programa da Natgeo no 03/12/10 as 23 hs
Abração.
Tio Maurício e Família.
Muito interessante, vou procurar este documentario por aqui!
Bjs
Tati
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