sábado, 23 de fevereiro de 2013

Passando da metade

Felicidade! Ontem (22/02/2013) encerrei o quinto ciclo de quimioterapia deste meu segundo tratamento e estou me sentindo muito bem. Considerando um total de nove ciclos previstos, já superei mais da metade das quimioterapias. Agora, pelos próximos dez ou onze dias, estarei em reclusão domiciliar experimentando os efeitos colaterais das drogas, dos quais pouco tenho a me queixar.

Como já era de se esperar, o pior ciclo do tratamento até aqui foi, novamente, o primeiro. Na ocasião, recebi carboplatina, etoposide e ifosfamida. Infelizmente, passados oito dias do término da aplicação destas drogas, enfrentei reações bem desagradáveis. Tive neutropenia febril acompanhada de plaquetopenia. Para completar o quadro, fui acometido de uma forte mucosite e infecção na garganta. Acabei passando um dia na UTI e outros nove internado no hospital para receber antibióticos e todos os demais cuidados necessários. Mas esta é uma história mais longa, cheia de detalhes. Certamente haverá oportunidade de relatá-la melhor.

A partir do segundo ciclo, em virtude dos acontecimentos do primeiro, decidimos suspender o uso da carboplatina, passando a utilizar apenas a ifosfamida e o etoposide. Desde então, os ciclos tem sido bem estáveis e regulares. Os efeitos colaterais são poucos e bem delimitados no tempo. Enfim, sei o que esperar de cada dia.

São cinco dias consecutivos de aplicação das drogas. Os dias começam cedo, chego na clínica por volta das 8h30min e saio por volta das 19h. Primeiramente, recebo palonosetron para prevenir náuseas e cloridrato de ranitidina para prevenir úlceras e problemas gástricos. Em seguida recebo o etoposide por cerca de uma hora. Terminada a administração do etoposide, no momento que chamamos de hora 0, recebo uma medicação chamada mesna com a finalidade de proteger a mucosa da bexiga urinária. Esta medicação é repetida nas horas 3, 6 e 9. Entre as aplicações da hora 0 e da hora 3 é administrada a ifosfamida. Nos intervalos em que não estou recebendo alguma droga, fico recebendo somente soro fisiológico.

Em geral, recebo toda a medicação diluída em cerca de 5 litros por dia. O primeiro efeito perceptível é sempre o inchaço natural de várias partes do corpo em virtude da alta quantidade de líquidos, mesmo urinando com uma frequência de até três vezes por hora em alguns momentos.

As reações mais desagradáveis ocorrem normalmente no último dia de aplicação e nos três dias que seguem. Nestes dias, o paladar fica bem alterado e aparecem os enjoos. A ifosfamida e o etoposide não estão sendo tão brandos em termos de náuseas e paladar quanto era o methotrexate, porém também não chegam a causar picos de mal-estar tão fortes quanto a doxorrubicina e a cisplatina.

Passadas essas reações, somente após uma semana do término da quimioterapia é que surge um outro efeito: a dor nos ossos, decorrente da estimulação da medula óssea realizada pela filgrastima para recuperação da imunidade. No meu caso, normalmente, esta dor tem cerca de três dias de duração e é plenamente suportável com a administração de analgésicos comuns.

De hoje em diante, em virtude dos baixos índices de imunidade, ainda tenho uns dez dias de reclusão para vencer. Neste tempo, preciso cumprir a dieta de cozidos e fervidos e redobrar os cuidados com higiene e limpeza, evitando locais públicos e aglomerações de pessoas. Alguns destes cuidados não são agradáveis porém são necessários para evitar infecções e intercorrências que possam retardar o bom andamento do tratamento.

O próximo ciclo deverá ocorrer somente no fim de março. Normalmente, o intervalo entre dois ciclos consecutivos é de 4 semanas. No ritmo que estamos avançando, se nada mais ocorrer para retardar as quimioterapias, o tratamento deve terminar dentro de 4 meses. Já estamos na reta final.