Ontem recebi o resultado do último exame dessa bateria a que me submeti recentemente. Hoje foi dia de conversar com o Dr. Júlio e apresentar os laudos. Enfim, tenho algumas notícias boas e outras nem tanto.
A boa-nova é que não foram encontradas metástases na tomografia de tórax, abdômen e região pélvica. Esta notícia é digna de intensa comemoração e me deixou muito satisfeito. Com metástase as chances de sucesso diminuem e o tratamento fica mais complexo, uma vez que é mais um local a ser atacado, podendo necessitar outros procedimentos como por exemplo outra cirurgia. Fato é que até o momento estou livre e o problema continua localizado na região distal do fêmur esquerdo.
A notícia ruim é que, aparentemente, o tratamento não está fazendo todo o efeito que era esperado. Entre a ressonância que detectou o problema e a realizada na semana passada, o tumor aumentou de 7,5 cm x 4,5 cm para 8,5 cm x 4,5 cm e existe um maior envolvimento da epífise femoral. Os exames também indicam que existe alguma necrose tumoral, porém não na proporção almejada para esta altura do tratamento.
Para o aumento do tumor tenho uma teoria: o primeiro exame foi realizado em 26/08/2009 e o primeiro ciclo de quimioterapia ocorreu em 23/09/2009, quase um mês depois. Neste intervalo de um mês o tumor continuou a crescer, portanto quando iniciei o tratamento o tumor era, com alta probabilidade haja visto o desenvolvimento agressivo do osteossarcoma, maior do que a medida inicial tomada por referência. Diante do exposto, é impossível afirmar com certeza que o tumor continua a evoluir ou que tenha regredido após o início da quimioterapia. A impressão que dá é que o tumor está estagnado em função do tratamento. Apesar dessa notícia soar desagradável, não chego a me abalar. O que tiver que ser, será.
Diante dos fatos, os médicos estão a estudar a hipótese de anteciparmos a cirurgia para após o 5º ciclo. Caso isto aconteça, serei operado em meados de janeiro. Na realidade, na Medicina ainda não existe um consenso sobre o que é melhor para osteossarcoma e outros tipos de câncer: quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia) ou tratamento operatório. Vários estudos avaliam os resultados de cada opção, porém a eficácia de cada uma varia muito em função da responsividade de cada paciente à quimioterapia. O meu caso é de baixa responsividade, e esta é uma característica do osteossarcoma, o que leva a considerar a antecipação da cirurgia como uma possibilidade a ser avaliada.
Além dos exames já mencionados, obtive o resultado da cintilografia óssea. O estudo demonstrou o que era esperado e dois outros achados: um leve aumento focal de captação no 9º arco costal posterior direito e na linha média do sacro (S2-S3). Conforme laudo, estes aspectos já estavam presentes no exame anterior e possivelmente estão relacionados a alterações osteoarticulares benignas (inserção muscular costal e variante normal no sacro). Para esclarecer estes pontos, serei submetido a tomografia da coluna vertebral e dos arcos costais. Aparentemente, não oferece maiores riscos, mas é melhor ter certeza disto.
Meu último exame de sangue, realizado terça-feira, revelou uma melhora significativa no índice de plaquetas, o que me permitiu fazer a barba sem medo de me cortar e esvair em sangue. Por falar em barba, o cabelo e demais pelos já estão me abandonando novamente. Um número que preocupa é o da Desidrogenase Láctica, que é considerado um marcador tumoral inespecífico. A última marca está bem acima do valor limite e aumentou em relação à última verificação. Também estou com baixo índice de cálcio iônico e magnésio, mas para isso existem alguns remédios para contornar. Por outro lado, os índices de imunidade já estão em níveis aceitáveis. Ontem pude jantar um saboroso cheeseburger! Até domingo estou liberado para comer o que bem entender. Até lá peço que só me convidem para comer o que não presta. Não sou de ferro. Que venha o colesterol!