quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal

É com prazer que escrevo esta mensagem. Daqui há uns 50 minutos estarei livre da bomba de administração de soro e poderei retornar para casa. Este foi o melhor presente de natal que já ganhei: passar a ceia em casa com a família que eu tanto amo e valorizo.

Peço a Deus que ilumine a todos nesta data tão especial e cheia de significados. A todos que me leem faço votos de muita saúde, paz e felicidade e deixo um caloroso abraço, certo de que hoje a paz reinará no coração de todos nós.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

5º Ciclo: Quarta-feira

Já é quarta-feira, tenho conseguido me distrair no hospital graças às visitas de amigos e familiares e àqueles que dividem comigo este tempo de luta. Ontem o Dr. André esteve aqui e conversamos sobre a cirurgia, que deverá ocorrer lá pelo dia 15 de janeiro de 2010. Será utilizada uma endoprótese e ele me mostrou como será o corte e quais partes serão preservadas. Fiquei feliz, pois a cirurgia parece bem menos agressiva do que eu imaginava.

Hoje acordei com dores pelo corpo e dor de garganta. Estes efeitos eu também senti nos outros ciclos de methotrexate, portanto está tudo dentro da normalidade. Por enquanto é só, resta aguardar os resultados dos exames de sangue para ver quando estarei liberado para retornar para casa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

5º Ciclo: Internação

Começou ontem o 5º ciclo. Fui internado ontem pela tarde no quarto 901 do Hospital São Lucas da PUCRS e comecei a hidratação por volta das 22h30min. Hoje recebi o metotrexate das 11h às 15h, agora estou apenas no soro. As acomodações do quarto são excelentes e estou me sentindo muito bem até o momento. Estou até com apetite. Esta internação deve prosseguir até sexta-feira ou sábado.
O clima do natal também está presente aqui no hospital. Hoje de tarde um grupo musical passou pelos corredores do andar a tocar músicas natalinas e animar um pouco os pacientes. Muito legal. O natal não deixa de ser natal se estivermos em baixo da ponte ou em qualquer outro lugar. É um dos momentos mais belos do ano, momento de reconciliação, de reunião das famílias e de reflexão. O que estamos fazendo de bom para o mundo?

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Resultados dos Exames de Controle - 1ª Bateria

Ontem recebi o resultado do último exame dessa bateria a que me submeti recentemente. Hoje foi dia de conversar com o Dr. Júlio e apresentar os laudos. Enfim, tenho algumas notícias boas e outras nem tanto.

A boa-nova é que não foram encontradas metástases na tomografia de tórax, abdômen e região pélvica. Esta notícia é digna de intensa comemoração e me deixou muito satisfeito. Com metástase as chances de sucesso diminuem e o tratamento fica mais complexo, uma vez que é mais um local a ser atacado, podendo necessitar outros procedimentos como por exemplo outra cirurgia. Fato é que até o momento estou livre e o problema continua localizado na região distal do fêmur esquerdo.

A notícia ruim é que, aparentemente, o tratamento não está fazendo todo o efeito que era esperado. Entre a ressonância que detectou o problema e a realizada na semana passada, o tumor aumentou de 7,5 cm x 4,5 cm para 8,5 cm x 4,5 cm e existe um maior envolvimento da epífise femoral. Os exames também indicam que existe alguma necrose tumoral, porém não na proporção almejada para esta altura do tratamento.

Para o aumento do tumor tenho uma teoria: o primeiro exame foi realizado em 26/08/2009 e o primeiro ciclo de quimioterapia ocorreu em 23/09/2009, quase um mês depois. Neste intervalo de um mês o tumor continuou a crescer, portanto quando iniciei o tratamento o tumor era, com alta probabilidade haja visto o desenvolvimento agressivo do osteossarcoma, maior do que a medida inicial tomada por referência. Diante do exposto, é impossível afirmar com certeza que o tumor continua a evoluir ou que tenha regredido após o início da quimioterapia. A impressão que dá é que o tumor está estagnado em função do tratamento. Apesar dessa notícia soar desagradável, não chego a me abalar. O que tiver que ser, será.

Diante dos fatos, os médicos estão a estudar a hipótese de anteciparmos a cirurgia para após o 5º ciclo. Caso isto aconteça, serei operado em meados de janeiro. Na realidade, na Medicina ainda não existe um consenso sobre o que é melhor para osteossarcoma e outros tipos de câncer: quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia) ou tratamento operatório. Vários estudos avaliam os resultados de cada opção, porém a eficácia de cada uma varia muito em função da responsividade de cada paciente à quimioterapia. O meu caso é de baixa responsividade, e esta é uma característica do osteossarcoma, o que leva a considerar a antecipação da cirurgia como uma possibilidade a ser avaliada.

Além dos exames já mencionados, obtive o resultado da cintilografia óssea. O estudo demonstrou o que era esperado e dois outros achados: um leve aumento focal de captação no 9º arco costal posterior direito e na linha média do sacro (S2-S3). Conforme laudo, estes aspectos já estavam presentes no exame anterior e possivelmente estão relacionados a alterações osteoarticulares benignas (inserção muscular costal e variante normal no sacro). Para esclarecer estes pontos, serei submetido a tomografia da coluna vertebral e dos arcos costais. Aparentemente, não oferece maiores riscos, mas é melhor ter certeza disto.

Meu último exame de sangue, realizado terça-feira, revelou uma melhora significativa no índice de plaquetas, o que me permitiu fazer a barba sem medo de me cortar e esvair em sangue. Por falar em barba, o cabelo e demais pelos já estão me abandonando novamente. Um número que preocupa é o da Desidrogenase Láctica, que é considerado um marcador tumoral inespecífico. A última marca está bem acima do valor limite e aumentou em relação à última verificação. Também estou com baixo índice de cálcio iônico e magnésio, mas para isso existem alguns remédios para contornar. Por outro lado, os índices de imunidade já estão em níveis aceitáveis. Ontem pude jantar um saboroso cheeseburger! Até domingo estou liberado para comer o que bem entender. Até lá peço que só me convidem para comer o que não presta. Não sou de ferro. Que venha o colesterol!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Forças Recuperadas

Bem, já é hora de voltar a escrever. Hoje, finalmente, sinto-me disposto. Estou revigorado e feliz, pronto para enfrentar o que vier pela frente!

Os dias que sucederam a última postagem não foram dos melhores. Passei a quinta e a sexta-feira da semana passada repousando em minha cama. Na verdade, dormi boa parte do tempo. Na outra parte esperava o tempo passar. Foram dias difíceis, os piores do tratamento. Demais dias estive com a cabeça girando, sonolento, com raciocínio lento, cansado. A boa notícia é que neste ciclo não vomitei. Tive muita náusea, mas fui poupado dos vômitos. Em dias como estes não há como se manter bem psicologicamente. A pessoa fica abalada, fraqueja, acha que está fraca, que não tem mais forças. Tudo parece ruim. Mas o tempo se encarrega de devolver tudo ao seu lugar e aqui estou eu com toda a minha coragem de novo!

Na segunda-feira recebi outra dose de pamidronato dissódico, o remédio que ajuda a retardar o desenvolvimento de metástases ósseas. Novamente tive tremores, mal-estar, cansaço e dor óssea pelo corpo todo. Os tremores ocorreram pela noite. Desta vez meu pai e minha mãe presenciaram. Notei no semblante deles a preocupação. Pareciam aflitos com a situação. Consegui dar algumas risadas e acalmá-los, pois não há o que fazer nestas situações, somente esperar passar. Ontem parecia que tinha sido atropelado por um trator. O corpo estava moído, como costumamos dizer.

Ontem também foi dia de fazer o primeiro exame de sangue depois do 4º ciclo. Em princípio tudo dentro do esperado. Queda de plaquetas e neutrófilos em bom número graças à filgrastima que venho recebendo diariamente. Sexta-feira realizo outro exame de sangue para acompanhamento.

A seguir uma foto de hoje. Já estou totalmente desinchado. Meu cabelo já está grandinho. A barba também vem crescendo ao melhor estilo "carroceiro". Dentro de uma semana recomeça a perda de cabelo, então não há com o que se preocupar.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

4º Ciclo: 3º Dia

Hoje foi o dia mais curto deste 4º ciclo. Cheguei à clínica às 08h e saí às 12h. O motivo é simples: hoje só foi administrada a doxorrubicina, a cisplatina não. Melhor assim. Me senti um pouco enjoado pela manhã, mas passou. Cheguei em casa, almocei, olhei um pouco de televisão e fui dormir. Dormi bastante. Acordei por volta das 18h, voltei a dormir e acordei novamente por volta das 21h.

A rotina agora é acordar várias vezes por noite para urinar até conseguir reduzir o inchaço. Além disso tenho tomado Dramin e Plasil de maneira intercalada, de três em três horas. Até o momento posso dizer que estou reagindo bem melhor a este ciclo. Quando o fiz pela primeira vez pareceu muito pior. Vamos aguardar para ver o que me espera amanhã e depois, pois normalmente são os piores dias. Bola pra frente, tenho que seguir de cabeça erguida!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

4º Ciclo: 2º Dia

Hoje o dia foi praticamente igual a ontem. Cheguei às 08h na clínica e saí às 16h30min. Hoje recebi 6 litros de soro, por isso saí mais tarde. A consequência é o inchaço em todo o corpo, principalmente pernas, braços e rosto. Agora me sinto um pouco abatido, não tenho vontade de comer e o paladar já está "metalizado". Abaixo foto de hoje:


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

4º Ciclo: 1º Dia

Hoje foi o 1º dia de quimioterapia do 4º ciclo. A previsão era iniciar este ciclo na quarta-feira da semana passada, porém no exame de sangue de segunda-feira ficou evidenciado um número baixo de neutrófilos, a porção do sangue responsável pela defesa ou imunidade do organismo. É o que se chama de estado neutropênico. Refizemos os exames na sexta-feira e pouca coisa evoluiu, porém o tratamento ficaria atrasado em demasia e existe ação de contorno para o problema, que é a aplicação de filgrastima.

Este ciclo é feito na clínica e não no hospital, o que é uma vantagem. Cheguei na CliniOnco por volta das 08h e saí por volta das 15h30min. Passei boa parte do dia dormindo, tinha gente até preocupada. Hoje foram administradas a doxorrubicina e a cisplatina, além de remédio para prevenir náuseas e 5 litros de soro. Como de costume, tenho urinado bastante. Como a quantidade de liquido é alta para o curto período, é inevitável o inchaço, o organismo não consegue expelir tudo com a mesma velocidade que entra. Durante a noite ainda preciso ingerir mais, pelo menos, 1,5 litro de líquido em casa. Abaixo a foto de meu rosto no fim do dia.



Até o momento não tive enjôo, nem vômitos. Acredito que os efeitos comecem lá pela quarta-feira e permaneçam até a sexta-feira. O momento é "punk", mas é suportável. Mais um obstáculo para ultrapassar. Só mais um na minha vida. Depois de tantos, um a mais ou um a menos não vai me derrubar. Segue a luta!


P.S.: Esqueci de comentar sobre as bodas de diamante do vô Juca e da vó Lori que aconteceram no sábado, dia 21/11/2009. Sessenta anos de casamento não são sessenta dias. Posso afirmar que são sessenta anos de felicidade, luta, dignidade e respeito. O melhor de tudo é ver a família linda que constituíram. Filhos dignos de uma criação baseada na família e em princípios firmes e corretos. Foi muito bom e emocionante revê-los. Tenho recebido um apoio sensacional de todos eles! Abaixo segue foto da família na igreja.


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pesquisando

Nos últimos dias andei pesquisando sobre próteses. Tenho muitas dúvidas a respeito da cirurgia, ainda não sei se será uma cirurgia de preservação do membro ou uma amputação. Na primeira hipótese eu receberia uma endoprótese, enquanto que na segunda uma prótese convencional. Decidi pesquisar ambas as hipóteses para me esclarecer um pouco mais sobre o assunto. Achei alguns textos e fotos bem interessantes. Para ver algumas dessas fotos é preciso ter estômago. Confesso que sempre fui avesso a assistir cirurgias, ver pedaços de gente ou pessoas mutiladas, mas hoje não tenho mais problemas com isto. Acredito que seja decorrência da minha necessidade de me abastecer de todas as informações necessárias, preferi encarar assim a doença. Algumas pessoas preferem deixar o conhecimento para os médicos. Eu prefiro tentar entender o que está acontecendo. É uma maneira de buscar forças para vencer a guerra.

Talvez alguns achem que não devo pensar na hipótese de amputação, que só devo ter em mente pensamentos positivos. Pensar na hipótese não significa ser negativo. É importante entender que posso acordar da anestesia sem a perna, imaginem o choque! Doloroso ou não, é preciso estar preparado e prefiro ser cauteloso, me preparando para enfrentar o maior desafio. Desta forma, não existem decepções, tudo será lucro.


Neste fim de semana descobri uma comunidade no Orkut chamada "Batalha contra o câncer". Muito interessante, são cerca de 28 mil participantes que expõem suas histórias de luta. Encontrei mais 3 casos semelhantes ao meu. Todos com diagnóstico inicial de tendinite, histórico de dor e tratamento quimioterápico. Gostei da comunidade e passarei a acompanhá-la. É mais uma maneira de buscar informações e exemplos de superação.


Para quem quiser se informar:

Protocolo fisioterapêutico em pacientes submetidos à endoprótese não convencional de joelho por osteossarcoma: estudo prospectivo
http://www.rbo.org.br/materia.asp?mt=1808&ididioma=1


Tumores produtores de tecido ósseo
http://www.unifesp.br/dorto-onco/livro/tumor3p4.htm

IOT-HCFMUSP Modular System - Técnica Cirúrgica
http://www.mdt.com.br/tecnica-iot.pdf

Telangiectatic Osteosarcoma of the Patella
http://www.orthosupersite.com/view.asp?rID=29623

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mais Exames

Hoje foi dia de consulta ao Dr. Júlio. Terminado o 3º ciclo agora é hora de refazermos os exames para ver se o tratamento está sendo eficaz e como meu corpo está reagindo. Nos próximos dias serei submetido novamente à cintilografia óssea de todo o esqueleto, tomografia computadorizada da região do tumor, do tórax e do abdômen, ressonância magnética e radiografia. Este conjunto de exames nos dará uma noção mais precisa do quadro atual.

Antes de iniciar o tratamento o Dr. Júlio mediu o perímetro da minha coxa na região do tumor e o resultado foi 47 centímetros. Hoje refizemos a medição e o novo resultado foi 44 centímetros, 3 a menos. Em princípio as pessoas ficam felizes por ouvir isto, porém, na minha opinião, é complicado estabelecer precisamente a causa desta diminuição. São duas as causas possíveis: diminuição do tumor e enfraquecimento muscular da região. O fato é que há aproximadamente dois meses e meio não realizo exercícios com a coxa esquerda, o que deixou a musculatura flácida. Para se ter uma ideia, se estou sentado e levanto a perna esquerda é possível perceber nitidamente a dimensão e localização de todo o fêmur, pois a musculatura desce por efeito da gravidade. Isto não acontece com a perna direita. A minha teoria é que as duas causas possíveis estão ocorrendo concomitantemente. Isto só poderá ser comprovado com os exames que citei anteriormente.

Definimos o calendário dos próximos ciclos de quimioterapia. O 4º ciclo será realizado na semana que vem, a partir de quarta-feira. Novamente, serei submetido a doxorrubicina (droga vermelha) e cisplatina. Este ciclo será idêntico ao primeiro e não é necessário passar a semana no hospital. É o que mais abate o organismo, dá enjôos, vômitos, cai o cabelo e etc. A má notícia é que, se tudo correr como o planejado, passarei o Natal no hospital para fazer o 5º ciclo. O 6º ciclo ficará para a segunda semana de janeiro de 2010. Completados os seis ciclos estarei pronto para a cirurgia, mas até lá ainda tem muita luta pela frente!

Conheci uma menina chamada Carol. Já havia sido apresentado à mãe dela. Ela teve um osteossarcoma no ombro e está realizando um tratamento igual ao meu. Ela já está no final e pelo que vi poderá voltar a sua vida normal em breve. Esta sensação deve ser muito boa! Dias atrás conheci uma menina chamada Letícia que também teve osteossarcoma e já acabou o tratamento há dois anos e leva uma vida super normal. Desejo tudo de bom para elas! Torço que nunca mais precisem passar por isto novamente! São exemplos que quero seguir!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cinema

Domingo fui ao cinema em um shopping aqui de Porto Alegre. Assisti o filme 2012, aquele que trata da profecia Maia sobre um possível fim do mundo em 21/12/2012. Fui acompanhado de minha noiva amada, da minha irmã Kota, do meu cunhado Filipe e dos meus sobrinhos gêmeos ainda não nascidos Henrique e Gabriel. Se o mundo realmente acabasse em 2012 os coitados teriam apenas 2 anos e meio. Seria muita sacanagem...

Mas, antes que eu me desvie do assunto, a ideia não é falar sobre o filme (nem me atreveria a contar o final), mas sobre as questões de acessibilidade do nosso mundo. O shopping que visitamos tinha dois acessos pelo estacionamento. O Filipe parou o carro em frente a um dos acessos e desembarcamos. Para acessar o shopping as pessoas precisam subir até o andar superior. Para tanto, o shopping disponibiliza uma bela escada rolante. Não sei se consigo andar em uma escada rolante na situação em que estou. Fato é que a Kota não se deu conta e foi logo subindo na esteira. Quando olhou para trás percebeu que a subida não seria tão fácil para mim. A expressão dela foi cômica. A este tempo eu ainda estava na dúvida sobre como me manter em pé na escada. Após refletir, cheguei à conclusão de que seria improvável que conseguisse me estabilizar e a chance de acidente seria grande. Resolvemos procurar um elevador. Obviamente tivemos que esperar a Kota descer as escadas.

Perguntamos a algumas pessoas onde encontraríamos um elevador. Fomos informados que no outro acesso ao shopping, do outro lado do estacionamento, existiam alguns elevadores à disposição. Lá fomos nós, passo por passo, até o local indicado. Após uma longa musculação com as minhas muletas enfim chegamos ao elevador e conseguimos acessar o shopping e ver o filme que desejávamos.

Nunca tinha parado para avaliar as questões de acessibilidade no mundo. Já havia refletido sobre o tema, porém nunca tinha analisado um determinado ambiente. Na minha situação, isto será uma prática de agora em diante. Pelo menos até a cirurgia e, talvez, também após. Na minha opinião as condições de acessibilidade do shopping para uma pessoa com dificuldade de locomoção eram boas. Ainda que estivesse em uma cadeira de rodas, conseguiria assistir o filme, porém teria que me contentar com a 1ª fila, grudado na tela. Sairia com o pescoço duro, mas isto, ao meu ver, já faz parte do conforto do cinema e não de uma questão de acessibilidade, haja visto que várias pessoas acabam tendo que se contentar com estes lugares quando o cinema lota.

Aqui fica um desafio: faça o exercício em algum ambiente que frequentares. Será que o mundo está pronto para as pessoas com necessidades especiais? Como seria para uma pessoa cega ir a algum lugar? E para um cadeirante?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Em Casa Mais Cedo

Quase explodi de alegria quando o Dr. Júlio me liberou para voltar para casa. Isto mesmo, já estou em casa. A previsão inicial era sábado, mas o meu quadro evoluiu bem e já tive alta. Como é bom estar em casa!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Tempo

O tempo é algo relativo. Não tem volta e talvez seja um dos segredos que faz a vida tão bela e imprevisível. Quando nos sentimos bem o tempo passa depressa. Quando estamos mal um dia parece um ano. É assim que tenho me sentido nos últimos dias. Parece que estou há anos no hospital. Não fosse pelas pessoas que me apóiam e me dão carinho talvez não conseguisse passar por esta etapa. É difícil, mas vou superar, por todos que acreditam em mim!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Longos Dias

Bem, hoje já é quarta-feira. Metade do 3º ciclo já se foi. Ainda faltam 3 dias, os mais longos do ciclo. O tempo não passa. Hoje precisei de medicação para dormir. Acordei em torno do meio-dia e dormi novamente pela tarde. Tem sido uma rotina cansativa.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

3º Ciclo - Primeiros Dias

É com prazer que escrevo diretamente do hospital esta postagem. Fui internado domingo às 17h no quarto 965 do Hospital São Lucas da PUCRS. As acomodações do 9º andar são bem melhores, tenho passado dias tranquilos por aqui. Hoje resolveram o problema de acesso à internet e estou conseguindo navegar pela web, um alívio para quem ficará sem fazer nada até sexta-feira ou sábado.

Ontem recebi a aplicação de Metotrexate, a droga amarela, durante quatro horas. Desta vez foram 19 gramas, um a menos que no ciclo anterior. De acordo com o 1º exame de sangue a dosagem da droga no sangue atingiu um nível satisfatório.

Agora estou recebendo soro na proporção de 200 ml/h. Naturalmente, tudo que entra tem que sair, e, portanto, tenho urinado bastante. A cada três horas recebo medicação contra os enjôos (Dramin e Plasil) e a cada seis horas Leucovorin, que serve de antídoto ao Metotrexate. Além destes, ainda tomo a cada 12 horas Ranitidina para prevenir lesões no estômago e a cada vez que escovo os dentes utilizo Periogard e Nistatina para prevenir lesões na boca. É bastante medicação.

Serei liberado assim que a dosagem de Metotrexate no sangue atingir um determinado valor. No 2º ciclo o valor só foi alcançado no sábado. Estou torcendo que desta vez consiga atingí-lo na sexta-feira. Quanto às reações adversas, novamente não estou sentindo. Apenas estou com muito sono por causa da medicação.

Hoje almocei um belo prato de massa com carne moída feita pela minha querida irmã Kota. Estava muito bom. Ontem quem trouxe a comida foi a minha mãe, batata com carne moída. Apesar da comida do 9º andar ser melhor, a comida caseira é bem melhor, nem se compara. Minha família tem me ajudado muito! Hoje quem está comigo no hospital é minha mãe. A Denise deve chegar mais tarde para passar a noite por aqui. Neste quarto tem um sofá bem melhor para o acompanhante, elas estão conseguindo dormir melhor.

Por enquanto é isto, sigo amarrado no poste. Amanhã escrevo mais um pouco.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pamidronato Dissódico

Terça-feira desta semana, dia 03/11/2009, realizei a aplicação de pamidronato dissódico, cujo nome comercial é Aredia. A administração do medicamento foi feita através do cateter e demorou em torno de uma hora e meia. Existem estudos que demonstram efeitos positivos no tratamento de osteossarcomas. Conforme a bula do medicamento, quando utilizado em combinação com tratamento anticâncer padrão, AREDIA leva ao retardo na progressão das metástases ósseas.

Mais algumas partes da bula:

Ação esperada do medicamento: AREDIA tem como substância ativa o pamidronato dissódico que atua sobre o tecido ósseo, inibindo a reabsorção.

Reações adversas: As reações adversas de AREDIA são geralmente leves e transitórias. A reação adversa mais comum é o aumento da temperatura (um aumento na temperatura corporal maior que 1°C, que pode durar 2 dias). O aumento da temperatura geralmente desaparece espontaneamente e não requer tratamento. Podem ocorrer reações adversas tais como: sintomas semelhantes aos da gripe, acompanhados muitas vezes de mal-estar, tremores (calafrios), cansaço e vermelhidão da pele, hipocalcemia, hipofosfatemia. Informe ao seu médico sobre o aparecimento de reações desagradáveis.

Quanto às reações adversas, tive febre, mal-estar, tremores (calafrios) e cansaço. Já estava avisado destes efeitos, portanto não tive surpresas.

Desde ontem tenho sentido algumas dores diferentes ao movimentar o joelho. Parece que estou com mais alguns movimentos limitados. Não sei se é momentâneo ou não.

No próximo domingo, em princípio, serei internado novamente no hospital da PUCRS para o 3º ciclo de quimioterapia. Este ciclo corresponde à mesma medicação do 2º, portanto lá ficarei por cinco ou seis dias. O 2º ciclo foi tranquilo, espero que o 3º também seja. O certo é que não vou me michar agora! Que venha o 3º ciclo!

sábado, 24 de outubro de 2009

Em Casa Novamente

Acabo de chegar em casa. O 2º ciclo foi cansativo mas já passou. Foram longos seis dias de internação, medicação, muito soro e urina. Não estou inchado como imaginava que estaria e não tive náuseas nem vômitos, o que, para mim, é motivo de comemoração.

A quimioterapia foi administrada apenas na segunda-feira, durante umas 4 horas. A partir daí passei a urinar em intervalos de 30 em 30 minutos, às vezes até menos. É desconfortável, mas é necessário. O pior é ter que acordar toda hora. Fiquei íntimo de um tal de "papagaio".

Tive muita sonolência nos primeiros três dias. Sinto dizer que acho que fui indelicado com algumas pessoas que me visitaram, mas acreditem não estava muito consciente. Só me lembro de alguns vultos e algumas imagens contra a luz. O sono tomou conta de mim naqueles dias. Nos dias restantes ocorreu o contrário: só conseguia dormir com remédios. Creio que o meu corpo se acostumou com a medicação e acabou com meu sono. Aí o tempo não passava mais, os dias pareciam semanas e o hospital não era nada agradável para passar o tempo.

Nos primeiros dias consegui comer a comida do hospital, mas no terceiro ou quarto dia já não suportava mais o cheiro. Todos os dias o cheiro era igual, independente da comida. O gosto também, comida de hospital não tem nada de sal, é ruim de aguentar. Isso sem falar nas jantas às 17h. Quem consegue jantar neste horário? Graças a minha família maravilhosa, pude me alimentar bem todos os dias. Faziam comida e corriam para o hospital para que eu conseguisse comê-la quente. Isso não tem preço.

Enfim, foram seis dias amarrado em um poste, conectado em uma bomba de administração de soro. Seis dias de exercício de paciência. Seis dias de luta. Liberdade e independência também não têm preço.

sábado, 17 de outubro de 2009

O Careca

Decidi tirar todo o cabelo e não esperar que ele caísse aos poucos. Minha mãe e a Denise "depilaram" a minha cabeça. Agora estou com um visual estilo Guiñazu. Eis o resultado.



Amanhã serei internado no hospital da PUCRS para o 2º ciclo de quimioterapia. Vou ficar lá por 5 dias. Esta será a segunda batalha. Espero ter forças para vencê-la com facilidade.
Que venha o 2º ciclo!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Adeus Cabelo

Hoje o cabelo começou a cair. Há dias que venho fazendo testes. Dou pequenas puxadas no cabelo para ver se alguns fios se desprendem com facilidade. Até ontem nada de diferente. Hoje pela manhã, quando fui fazer mais uma coleta de sangue, o resultado do teste foi um pouquinho incomum. Ao puxar levemente o cabelo, uns três ou quatro fios ficaram nos meus dedos.

No fim da tarde, a minha querida irmã Kota veio me dar um abraço e questionou se o cabelo estava caindo. Respondi que sim e fiz o teste para ela ver. A esta altura do dia, puxando levemente o cabelo já se desprendia um chumaço entre os dedos.

Fiz o teste com pelos de todas as partes do corpo. Até agora a sobrancelha está intacta. O mesmo vale para pelos dos braços e das pernas. A queda só se dá no cabelo, barba e pelos pubianos. Mas de que barba eu estaria falando? Desde que iniciei a quimioterapia parei de me barbear, afinal iria perdê-la a qualquer momento. Então hoje existe um pouquinho de barba no meu rosto. Nada de mais.

Por incrível que pareça, fico feliz que isto esteja acontecendo. Conforme o Dr. Júlio, é um sinal de que meu organismo está reagindo às drogas.

Mudando de assunto, hoje ficou acertado que serei internado semana que vem no hospital da PUCRS para realizar o segundo ciclo de quimioterapia. Espero que tudo corra conforme está programado. O Dr. Júlio tem dado uma atenção incrível ao caso. É gratificante saber que estou sendo tratado por um profissional tão competente e interessado. O tratamento do câncer não se restringe à quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Todo o conjunto emocional que envolve o paciente é importante para o sucesso do tratamento. Se depender disso, estarei curado em breve!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Consulta ao Oncologista

Hoje tive uma consulta ao oncologista, Dr. Júlio. Nestes últimos dias tive que fazer alguns exames de sangue para verificar como o meu organismo está reagindo à quimioterapia. Em princípio, está tudo dentro do esperado. As plaquetas, células sanguíneas responsáveis pela coagulação, estão em queda. Já os leucócitos estão com números bem esquisitos, não apresentando uma tendência.










Depois de cada ciclo de quimioterapia, tenho que receber aplicações diárias de filgrastima. Esta medicação auxilia na recuperação do meu organismo e estimula a medula. Não fosse este medicamento, provavelmente estaria com números diferentes.


A filgrastima é aplicada através de injeção subcutânea, semelhante às injeções utilizadas pelos diabéticos. Por ser subcutânea pode ser aplicada na barriga, em torno do umbigo ou atrás dos braços. Hoje terei a última aplicação deste medicamento referente ao 1º ciclo. Será a 12ª aplicação, todas foram feitas na barriga. Agradeço a minha vizinha Ana que se disponibilizou a aplicar as injeções e tem dispensado parte do seu tempo em colaborar com meu tratamento. Nos últimos dias tomei coragem e pedi a ela que me ensinasse o procedimento para aplicação. Ela está me ensinando e quem sabe no próximo ciclo eu possa realizar a auto-aplicação.

Quanto à continuação do tratamento, o próximo ciclo de quimioterapia será iniciado no domingo, dia 18/10/2009, quando será iniciado o processo de hidratação. Receberei a droga Metotrexat, conhecida pela sua cor amarela, na segunda-feira. A partir daí até a sexta-feira ficarei hidratando e fazendo exames de sangue diariamente para verificar a concentração da droga no sangue. Segundo o oncologista, os efeitos colaterais deste segundo ciclo não são tão fortes quanto os do primeiro.

Ainda não sei se será necessária internação em hospital ou se o plano de saúde vai autorizar os serviços de "home care". A internação é muito mais cara ao plano que os serviços de "home care", entretanto, em decorrência de processos burocráticos altamente engessados pelos critérios definidos, a maior probabilidade é de realizar o segundo ciclo internado em um hospital. De qualquer forma, o importante é realizar o tratamento no melhor tempo possível.

Ontem tirei os pontos referentes à implantação do cateter. A colocação do cateter foi um sucesso e está tudo bem com ele. As limitações de movimentos com o braço direito já não existem e nem sinto que tenho um pedaço de plástico dentro do peito. Já consigo até dormir de lado!

Amanhã realizarei outro exame de sangue para verificar se minhas plaquetas continuam caindo. Conforme o oncologista, teremos que agir se as plaquetas chegarem a 30.000. Menos de 10.000 significa que terei que receber plaquetas em um banco de sangue.

O Dr. Júlio questionou sobre a queda do cabelo. Por enquanto continuo com todos os meus cabelos na cabeça. Os pelos do corpo também estão intactos, exceto os pubianos, os quais percebi uma queda acentuada nos últimos dias. Se eu fosse mulher estaria adorando, mas para os homens isto é indiferente. Nos próximos dias devo começar a perder o cabelo e demais pelos do corpo. Sinceramente, acredito que isto seja apenas um detalhe diante da situação. Para mim é algo superado.

Agora resta esperar a continuação do tratamento. Até agora está dando tudo certo. Vamos torcer para continuar assim!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O 1º Ciclo de Quimioterapia

Confesso que tive um certo medo de encarar este primeiro ciclo de quimioterapia. Não sabia o que esperar, afinal as reações são as mais diversas e variam de organismo para organismo. Neste sentido, fui muito bem orientado pela equipe da CliniOnco, clínica que vem conduzindo o meu tratamento quimioterápico. Tive acompanhamento de oncologista, nutricionista, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiras e técnicos sempre dispostos a ajudar. Isto é muito importante para quem enfrenta uma quimioterapia.

É importante ressaltar que esta não é uma luta que uma pessoa consiga vencer sozinha. É necessário o apoio dos familiares, amigos e profissionais que se ocupam de acompanhar o tratamento. É uma batalha árdua.

No primeiro dia eu estava me sentindo muito bem. Cheguei à clínica acompanhado de minha mãe em torno das 08h e saí por volta das 15h30min. O catéter funcionou perfeitamente e, como haviam me dito, não senti nada relacionado à administração dos medicamentos. Neste primeiro dia recebi duas drogas: doxorrubicina e cisplatina. A doxorubicina é uma droga vermelha enquanto a cisplatina é fotosensível e incolor. A estrutura da clínica é realmente muito boa, assisti televisão o dia todo em uma confortável poltrona.

No segundo dia tive muito sono. Como as drogas administradas eram exatamente as mesmas do primeiro dia e nas mesmas quantidades, permaneci na clínica o mesmo tempo. Neste segundo dia fiquei em um quarto exclusivo. Passei o dia deitado na cama dormindo e olhando televisão. Minha mãe novamente me acompanhou.

No terceiro dia já comecei a sentir alguns efeitos do tratamento. Estava totalmente inchado em virtude da alta quantidade de soro administrado durante o tratamento (5 litros por dia). Neste dia, meu pai me acompanhou e, como só seria aplicada a doxorrubicina, a jornada foi um pouco mais curta - saí por volta das 13h.

Nestes três dias não tive apetite. Comi pouco, me senti fraco e precisei urinar a cada 40 minutos, o que não me deixava nem dormir com tranquilidade. Meus pais foram fundamentais, estiveram comigo o tempo todo na clínica.

Quanto aos efeitos indesejáveis, acredito que, dentro do possível, me saí bem. Os primeiros enjôos ocorreram no terceiro dia e aumentaram nos dois dias seguintes. Vomitei apenas duas vezes, sempre logo após acordar. Ganhei um balde vermelho de presente. Agora, ele é meu fiel companheiro dentro de casa. Onde eu vou, ele vai junto. Ele é a minha segurança contra os vômitos.

É um momento delicado, porém é um momento. Passa. Hoje já estou bem melhor, já consigo fazer quase todas as minhas atividades normais e o inchaço já diminuiu. Ainda sinto uma fraqueza e o apetite não é o mesmo, mas já estou muito melhor do que estive.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Efeitos do 1º Ciclo

É, lá se foi o 1º ciclo da quimioterapia. Já começo a sentir alguns efeitos como um pouco de náuseas, tonturas, dores pelo corpo e inchaço. Está difícil de escrever para o blog. Assim que eu estiver melhor, detalharei essa minha primeira semana de tratamento efetivo.

Agradeço a todos que estão mandando seu apoio. Isto é muito importante para mim.

Um abraço a todos!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Postagem inaugural

Há menos de um mês descobri que portava um osteossarcoma. Foi quando decidi criar um blog para documentar o meu caso. Acredito que com esta ferramenta, consiga contribuir com pessoas em situação semelhante através do meu testemunho e com o meu próprio tratamento, pois tenho que, de alguma forma, ocupar meus pensamentos com algo proveitoso.

De antemão, garanto que o blog terá início, meio e fim. Espero que eu consiga escrever uma novela, dessas de televisão que têm final feliz, entretanto, não posso garantir isto. Infelizmente, não estou na posição do Manoel Carlos ou da Glória Perez, não tenho o poder de determinar o rumo do personagem. Serei ao mesmo tempo o personagem e o relator. Apesar do fim incerto, acreditarei enquanto houver esperança e conto com a torcida daqueles que, de alguma forma, fazem parte da minha vida e me mantém com forças para vencer esta guerra, batalha por batalha.

Infelizmente, não tive coragem e disposição para começar a escrever a história quando aconteceram os primeiros capítulos, porém, para não furtar dos leitores os relatos iniciais, irei postá-los de maneira retroativa, ou seja, nos próximos dias voltaremos ao início do mês de junho do presente ano, quando os primeiros sintomas começaram a se manifestar.

A seguir, uma breve descrição da doença (baseada no site Wikipedia):
Osteossarcoma é um tumor ósseo maligno que ocorre principalmente em adolescentes e adultos jovens (até 30 anos). O tumor ocorre preferencialmente na região da metáfise óssea de ossos tubulares longos. Cinquenta porcento dos casos ocorrem próximos aos joelhos. As metástases ocorrem principalmente para os pulmões.

P.S. 01: Em alguns momentos da jornada, não poderei ou não terei disposição física ou mental para escrever, portanto é provável que tenhamos um pequeno delay nas postagens.
P.S. 02: Para quem ainda não me viu de cabelo raspado, segue foto com minha afilhada Laís.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Segunda Opinião*

Agendei consulta com o Dr. Fábio Gervini, em uma clínica especializada em ortopedia e traumatologia. Estava disposto a ouvir uma segunda opinião. Vale registrar que minha mãe e minha irmã Kota quase brigaram comigo para me convencer a ouvir esta segunda opinião. Eu já estava convencido, mas família é mesmo assim. A gente se ama.

Na primeira consulta, o Dr. Fábio examinou meu joelho e solicitou, primeiramente, uma radiografia. Ainda me lembro dele falando: "é, tem uma massa aqui", referindo-se ao inchaço. A radiografia não foi conclusiva e, no próprio laudo, sugeria estudo por ressonância magnética.

Levei os resultados para o Dr. Fábio. Era a segunda consulta. Ele olhou a radiografia e solicitou uma ressonância magnética. Fui ao Hospital Moinhos de Vento e agendei o exame. Fiquei satisfeito em ver que o problema estava sendo investigado. Teria um laudo conclusivo em breve.

Na data marcada, realizei a ressonância magnética. Após 40 minutos de exame, o profissional que operava o equipamento solicitou que eu passasse na recepção para agendar uma tomografia computadorizada. Segundo ele, o médico que elaborava o laudo do exame precisava desta complementação para que o estudo ficasse completo.

Agendei para o dia seguinte. A tomografia não teve custo adicional. Compareci novamente ao hospital e realizei o exame complementar em cerca de 5 minutos. O resultado dos exames ficaria pronto no dia 31/08/2009 pela manhã. No mesmo dia 31, pela tarde, já estava agendada nova consulta ao Dr. Fábio.

Estava ansioso para saber o resultado do exame. A dor já estava incomodando e eu já mancava o tempo todo. Meu pai ficou de apanhar o resultado do exame no hospital pela manhã. Por volta das 13h liguei para ele. Perguntei sobre o exame. Ele me contou que falava em tumor, mas percebi que estava confuso. Até este momento nunca tinha pensado que poderia ser um tumor. Pensava em menisco, ligamentos, até mesmo tendinite. Jamais em tumor.

Ao desligar o telefone, fui pesquisar na internet. Acessei o Google e digitei: tumor no joelho. Eis que surgiram muitos resultados. Li alguns artigos, algo sobre osteossarcoma, metástases, entre outras coisas. Verifiquei que me enquadrava no perfil de uma vítima de osteossarcoma: adulto jovem, até 30 anos. Confesso que neste instante fiquei preocupado. Não sabia o que pensar. Ainda que soubesse da gravidade do que se apresentava, tentei não fazer tempestade antes de saber se estava no mar ou em um copo d'água.

Por volta das 16h desse mesmo dia, estávamos eu e meu pai em frente ao Dr. Fábio, apresentando-lhe o resultado do exame. Ele olhou as lâminas, leu o laudo. Passaram-se alguns minutos e ele esclareceu. Havia realmente um tumor no fêmur. Comentou que este já não era um caso para ele, pois a especialidade dele é cirurgia de ombro. Para o meu problema existem apenas três profissionais em Porto Alegre. Ele me sugeriu que comparecesse no dia seguinte à PUCRS para falar com o Dr. André Serafini do grupo de tumores, que era um dos especialistas em cirurgia deste tipo.

A confirmação da existência do tumor me deixou tenso. Não tem como definir a sensação. Parece que o chão deixa de existir. A pessoa, inevitavelmente, pensa na morte. Não estamos acostumados nem preparados para isto. Ainda mais quando se tem 22 anos. E agora? Qual será o futuro? O próximo passo? Será necessária amputação? Me casarei? Terei filhos? Todas estas dúvidas rodearam meus pensamentos até o fim daquele dia.

Tentei segurar o choro no caminho de volta. Não queria chorar na frente do meu pai. E, dentro do possível, consegui. Cheguei em casa e estavam todos a me esperar. Até a Denise veio de Novo Hamburgo para me ver. Não consegui segurar. Me tranquei no quarto. Chorei por uns cinco minutos. Sou assim. Quando choro, prefiro que seja sozinho. Não gosto que a minha dor gere dor nas pessoas que me amam.

Este momento é indescritível. Senti como se um relógio em contagem regressiva tivesse sido instalado em mim. Mas quanto tempo ele marcava? Percebi que sofria por antecipação. Decidi deixar estes pensamentos de lado e me concentrar no próximo passo, que seria consultar o Dr. André Serafini no dia seguinte. Até lá precisava colocar a cabeça no lugar e me preparar para enfrentar a tempestade.

* Esta é uma postagem retroativa.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Tratamento Fracassado*

Comecei a realizar o tratamento receitado pelo médico. Saindo da consulta comprei o anti-inflamatório e já utilizei pela primeira vez. Deveria tomá-lo por 5 dias. A imobilização e o gelo deveriam ser mantidos pelos 15 dias.

Durante os 5 dias em que utilizei a medicação tive uma boa diminuição da dor. Pensei até que o problema estaria resolvido ao fim deste primeiro tratamento. Entretanto, passado o tempo de administração do remédio, as dores voltaram e com a mesma intensidade anterior. Mantive a imobilização, mas me neguei a fazer o gelo, pois era inverno em Porto Alegre e estava muito frio.

Passaram-se os 15 dias propostos pelo médico e o problema persistia. Voltei então a consultar o mesmo médico para os novos encaminhamentos. A esta altura, meu joelho já havia sofrido um leve acréscimo de volume. Somente pelo toque já dava para sentir que existia uma massa em um lugar onde não deveria existir. Relatei isto ao médico. Ele examinou meu joelho. Tocou levemente a massa protuberante em uma primeira análise. Após apertou-a com força. Vi estrelas. Aquilo doeu por meia hora.

Após o exame, o médico manteve o diagnóstico, afirmou que as tendinites são mais comuns no inverno, porém garantiu que esta tendinite não seria mais resolvida somente com anti-inflamatórios e eu deveria fazer, inicialmente, 10 sessões de fisioterapia. Passou-me uma requisição para que eu solitasse aprovação do plano de saúde, apertou a minha mão e disse que nos veríamos após essas 10 sessões iniciais de fisioterapia.

Saí da clínica disposto a procurar outro ortopedista. Alguém que investigasse a fundo o problema antes de iniciar qualquer tratamento. Não gosto muito de ficar trocando de médico em meio ao tratamento, prefiro confiar no conhecimento dos profissionais, mas a situação me deixou com uma pequena pulga atrás da orelha. Senti que o diagnóstico foi feito como se um vestibulando que não sabe o que responder escolhesse uma dentre três ou quatro alternativas que julga poderem estar certas, mas que, na verdade, não tem certeza de que a escolha esteja realmente correta. Como não sou folha óptica, resolvi procurar outro especialista. Caso o diagnóstico fosse o mesmo, efetuaria o tratamento indicado.

*Esta é uma postagem retroativa.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A Primeira Consulta*

Precisava procurar um médico. Liguei para a Urgetrauma - que ficava perto de casa e constava como credenciada do plano de saúde - para marcar uma consulta, porém me informaram que não havia necessidade de agendar horário, bastava se dirigir à clínica no horário de atendimento. Então me programei para ir em uma terça-feira à noite, pois já estava de férias da faculdade e não precisaria me ausentar do trabalho.
Na clínica, fui bem atendido e relatei as dores ao médico que me atendeu. Até esta data não havia nenhum acréscimo de volume no joelho esquerdo. O médico solicitou que fossem feitas radiografias da região para esclarecer a natureza da lesão. Feitas as radiografias, foi-me comunicado o diagnóstico: "estás com tendinite". Receitou-me anti-inflamatório, "imobilização" com uma faixa e gelo durante quinze dias. Caso o tratamento não demonstrasse sucesso, eu deveria retornar para novos encaminhamentos.
Confesso que tive dúvidas sobre o diagnóstico, pois acredito ser impossível determinar com certeza que um paciente tem tendinite apenas com uma radiografia. Relevei e resolvi encarar o tratamento sugerido. Caso não tivesse sucesso, voltaria a consultar.

*Esta é uma postagem retroativa

terça-feira, 30 de junho de 2009

Os Primeiros Sintomas*

Difícil determinar exatamente o dia em que comecei a sentir dores no joelho esquerdo. No começo era apenas um incômodo, eu achava que tinha se originado de uma noite mal dormida ou da minha mania de sentar com os pés cruzados. As dores começaram a aumentar e era como se eu tivesse batido no canto de um móvel ou tivesse tido um choque durante um jogo de futebol. Até então uma mera dor muscular. Iria passar. O estranho era que não me lembrava de qualquer ocorrência pontual que pudesse ter gerado uma lesão.
Mas o tempo foi passando e no fim do primeiro semestre deste ano eu já tinha dificuldades para subir escadas. Percebi isto na faculdade, quando tinha aulas no prédio da Economia e tinha que subir dois ou três andares. Foi quando decidi que deveria procurar um ortopedista para avaliar o caso. Provavelmente teria que tomar alguns remédios anti-inflamatórios e tudo se resolveria.

*Esta é uma postagem retroativa.