terça-feira, 5 de março de 2013

Agora sim, só mais quatro!

Finalmente posso dizer que concluí mais um ciclo de quimioterapia. Ontem pela manhã realizei um exame de sangue e tive a alegria de saber que a minha imunidade está novamente no seu devido lugar. Esta informação tem vários efeitos práticos, pois me libera da dieta de cozidos e fervidos e do confinamento de cerca de dez dias. Agora posso voltar a minha vida normal por alguns dias, fugir um pouco das privações, antes que venha o próximo ciclo. Este é o tempo em que esqueço um pouco do tratamento e trato de viver com mais intensidade!

No momento, apesar de ainda ter o paladar um pouco descontado, posso afirmar que todos os efeitos colaterais perceptíveis da última quimioterapia já estão superados, o único índice que ainda não retornou à normalidade é a contagem de plaquetas (53.000/mm³), que ainda está abaixo dos valores de referência usuais (150.000 a 450.000/mm³), mas já apresenta tendência de crescimento, então, há pouco com o que se preocupar quanto ao quinto ciclo.

Neste ciclo tive a maior queda de plaquetas desde que passamos a utilizar apenas a ifosfamida e o etoposide. Na última sexta-feira, dia 01/03/2013, a contagem de plaquetas chegou a apenas 17.000/mm³. Normalmente, este momento do ciclo apresenta o ponto mais baixo da curva de evolução das plaquetas. Decidimos aguardar o exame da segunda-feira para avaliar melhor, o qual demonstrou a reversão da quadro, como já era esperado. Ainda sobre as plaquetas, considerando que as drogas utilizadas no tratamento do osteossarcoma são mielotóxicas, é indispensável acompanhar a evolução da contagem plaquetária antes, durante e após cada ciclo de quimioterapia. A reduzida contagem de plaquetas pode levar a hemorragias, sendo que os principais riscos associados são a perda de grandes quantidades de sangue no aparelho gastrointestinal e o desenvolvimento de hemorragias cerebrais que podem ser fatais. Para índices abaixo de 30.000/mm³ já existe risco, porém em geral os problemas ocorrem com valores inferiores a 10.000/mm³. 

O próximo ciclo de quimioterapia será o sexto dentre nove. Se tudo correr bem, devo iniciá-lo no dia 1º de abril (e não é mentira!) e serão utilizadas as mesmas drogas. Até lá, terei algumas semanas para recarregar as baterias e aproveitar um pouquinho mais as coisas boas da vida. Além disso, às vezes precisamos dar um tempo para o nosso corpo se recuperar antes de partir para a próxima luta, afinal, precisamos dele saudável para enfrentar o que vier pela frente.